9 de janeiro de 2014

Aproveitando o Doodle de hoje (em comemoração aos 106 anos de Simone de Beauvoir) pra dar uma dica de leitura: História de mulheres: a louca da casa. De Rosa Montero, da Editora Agir.

  

São pequenas biografias de dezesseis mulheres com trajetórias singulares que marcaram seus nomes na história, incluindo Simone de Beauvoir, Agatha Christie, Frida Kahlo, Camille Claudel e as Irmãs Bronte. Tendo em comum, o fato de terem se afastado das normas, com a coragem de levar à tona as mudanças aflições femininas de suas épocas.


Simone de Beauvoir nasceu em 1908 em Paris, numa família de alta burguesia. Experimentou em sua infância o sabor da decadência, mudando-se com seus pais para um apartamento miserável que nem sequer dispunha de água corrente. Era altiva e se acreditava superior a quase todo mundo. Menos a Sartre, o qual venerava provavelmente muito além dos merecimentos dele. De fato, foram almas gêmeas: narcisistas, egocêntricos, elitistas, insuportavelmente megalômanos. Mas a vida é frequentemente cruel e não há vontade humana, por mais poderosa que seja, capaz de resistir aos ventos do acaso. Com o tempo, Simone e Sartre foram se afastando um do outro. Ambos acabaram suas vidas com mulheres a quem excediam em mais de trinta anos de idade. Por fim, entre tanta glória e tanta miséria, o que fica é a magnífica proeza de ter sido livre e responsável por seu próprio destino. Para o bem e para o mal, Beauvoir se fez a si mesma.

Agatha Christie tinha dentes ruins e sempre foi muito consciente de sua aparência. Necessitava que o mundo fosse um lugar sereno e exato, amável e ordenado. Ignorava o caos e quis recuperar o universo intacto de sua infância. Por isso, suas obras policiais são mundos circulares perfeitamente explicáveis, jogos matemáticos para alívio não só da cabeça mas também do coração, universos perecíveis nos quais o bem e o mal ocupam lugares predeterminados. Numa idade muito precoce conheceu a orfandade, a ruína e o amor asfixiante de uma mãe possessiva e depressiva da qual teve de encarregar-se desde então. Sofrera muito de perto a velhice senil de seus avós, temia um final semelhante. Viveu até os 85 e publicou seu último romance um ano e meio antes de morrer. Sua própria maldição foi cumprida em seus meses finais, perdendo progressivamente o juízo. Falava coisas sem nexo e cortava desordenadamente mechas dos próprios cabelos, dos quais tanto se orgulhava. Ela, que sempre havia lutado para manter o controle, que sempre fugira do terror e das trevas, no fim foi agarrada pelo perseguidor.

Frida Kahlo foi uma artista de escassa produção, cerca de duzentos quadros em toda a sua vida, e a maioria reproduz sua própria figura. Aos 18 anos, indo de ônibus para a escola quando um bonde pegou o veículo. Foi um acidente grave, com vários mortos. A colisão partiu-lhe a coluna em três lugares, quebrou-lhe a cabeça do fêmur e as costelas, fraturou-lhe a pelve em três pontos e as pernas em 11, além de esmagar-lhe o pé direito. Tinha tal força de vontade, tanta coragem e tanta ânsia de viver que dois anos mais tarde, conseguiu levar uma vida praticamente normal. Era muito bonita, tinha olhos ferozes, boca perfeita, sobrecenho hirsuto, bigode apreciável. Para ela, vestir-se era uma expressão artística a mais; entre enfeitar-se diante do espelho e pintar um de seus autorretratos não devia haver muita diferença. Na sua primeira grande exposição, mandaram instalar sua cama no meio da sala de exposições e assim, assistiu à festa de inauguração, drogada e lívida mas maquilada e empetecada, prostrada sobre o leito. Todos os seus amigos passaram por ali para saudá-la: como uma daquelas longas filas de fiéis que vêm beijar a borda do manto da santa. E ela se despediu de todos com o sorriso desfigurado e as mãos resplandecentes de anéis.

Camille Claudel tinha tudo para triunfar. Talento, inteligência, coragem, beleza. Desde muito criança foi diferente: começou a esculpir e a modelar por sua própria conta, sem professores nem antecedentes na família. Em 1893 tinha 29 anos e já não era a moça de uma década antes, disposta a devorar o mundo. A vida tinha dispersado seus sonhos, e, por mais que se esforçasse, seu talento não era reconhecido. A escultura é uma arte muito cara. Camille tomava empréstimos e endividava-se. Vivia em habitações tenebrosas e carecia do mais básico. Existia somente para o trabalho e foi-se encerrando cada vez mais em si mesma. E então ela enlouqueceu. Mania persecutória, psicose paranoica. Começou a quebrar a marteladas todas as obras que concluía, para que seus inimigos não pudessem se apropriar delas. A internaram à força num manicômio que na época tinha uma reputação sinistra. Não mais saiu de lá, apesar de suas constantes e comovedoras súplicas. Morreu nessa prisão onde passou 30 anos.


Adoro conhecer a vida de mulheres fortes e inspiradoras que, de alguma forma, conseguiram fazer diferença no mundo. Resumi só pra dar um gostinho, pois as melhores partes (dramas e romances) da vida de cada uma dessas mulheres (e outras tantas) só no livro. Que por sinal, tá baratinho no Submarino.




5 de janeiro de 2014

Como eu usei: short origami

Ou short-saia assimétrico, ou skort... como queiram.


Foi o escolhido pra ir à Água Verde. Aproveitei que tava magrinha pra usar essa blusa que adoro *-*
Minha implicância com esse modelo de short era o medo de ele me "encurtar" ainda mais (sou muito baixinha), mas com a estampa clara e o fato dele ser curtinho, gostei de como ficou.