3 de agosto de 2008

Des-encanto de fadas

Ao ouvir de uma bruxa que a princesinha, aos 15 anos, iria ferir-se gravemente com uma roca de fiar, que o fez o rei?
“O rei, para evitar a desgraça anunciada pela velha, fez publicar um decreto no qual era proibido a qualquer pessoa usar um fuso para fiar, ou ter fusos em casa, sob pena de ser condenada à morte”.
Como se algum pai, por mais rico e influente que fosse, tivesse o poder de afastar dos filhos às coisas que são capazes de lhes fazer mal.
Passado quinze ou dezesseis anos, numa ocasião em que o rei e a rainha se achavam em uma de suas casas de campo, sucedeu que a jovem princesa, ao andar por todo o castelo, subiu até o alto de um torreão, onde havia um quartinho miserável, no qual se encontrava uma bondosa velhinha a fiar com sua roca. A boa mulher não tinha ouvido falar na proibição do rei sobre o fuso de fiar. ‘Que é que a senhora está fazendo, minha velhinha?’, indagou a princesa. ‘Estou fiando, minha bela menina’, respondeu a velha que não a conhecia. ‘Oh, que lindo é!’, falou a princesa. ‘Como é que se faz? Deixe que eu experimente, para ver se consigo’. Como era muito ativa e um pouco estouvada – de acordo, aliás, com o que as fadas haviam desejado – mal ela pegou o fuso espeto-o na mão e caiu desmaiada (PERRAULT, 1999, p. 89-111).
Não teria sido mais sábio o rei ter ensinado sua filha a se defender ao invés de tentar negar a existência de rocas e fusos?

Um comentário:

  1. Mais fácil simplesmente dizer não do que ensinar o motivo da negação!

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