Odeio Ser Mulherzinha: Diálogo em pandemia

19 de março de 2020

Minha tia: não tem como tu vir pra casa agora não?
Eu: tem, eu só não tô é doida.

Quem sou

Sou Itanna, moro no interior do interior do Ceará, em Cascavel. Cidade praiana (mas quem me olha nem imagina, tão branca estou!). Sou desse tamanhinho, às vezes é irritante olhar no espelho e não ver uma adulta... confesso que isso limita um pouco (não porque queira, mas pelos trejeitos como me tratam, acabo acreditando que preciso mesmo de mimos e cuidados). O fato é que sou forte, valente, corajosa e na maior parte do tempo: inabalável. Sou inquieta, apesar de quieta. Explico: se parar, me perco. Vou entrando cada vez mais em mim, e por dentro sou tão grande, um labirinto! Sou anti-aniversários. Sempre tive problemas com aniversários. Essa coisa toda de telefone tocando, paparicos, recadinhos nas redes sociais, ter obrigação de estar feliz, sorrir e dizer obrigada... isso tudo só porque nasci? Aniversários são dignos de pêsames, isso sim! A gente fica mais velha, o número de velas já não cabe no bolo. É a época que me sinto mais depressiva. Porém, não perco uma festinha infantil. Sou super-curiosa. E esta é a característica que mais admiro nas pessoas, porque a gente tá sempre perdendo, deixando de aprender, de conhecer, desvendar, informar-se... Sou multifacetada. Tudo que me for apresentado, leio, ouço, assisto, provo. Sou fissurada em séries. Paixão por filmes de heróis e robôs. Loucura pelo Jared Leto desde os meus 15 anos. Idolatria por Nando Reis, o melhor compositor vivo do país, que de tão brilhante e vermelho parece o sol. Sou “a” do contra, “a” contradição. Para que se tenha ideia, músicas tristes me deixam feliz, músicas alegres são ímpetos para desligar o som. Prefiro filmes dublados. Sou complicada com relação a relacionamentos. Não estou apaixonada por ninguém neste momento. Não sou romântica, nem tolerante, nem meiguinha, nem nada. Sou do tipo que guarda e estoura. Tudo que guardo tempos depois explode. O silêncio me apavora. Do tipo que cria monstros na cabeça, pra no final das contas não passar de um monstrinho feio e pequeno. Sou bem mais bonita no meu pensamento do que na realidade. Maior, mais confiante e mais cintilante. Sou exatamente o que gostaria de ser se não o fosse. Acho que já chega, pra quem não gosta de falar de si, esse foi um discurso e tanto!

19 de março de 2020

Diálogo em pandemia

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