2 de dezembro de 2014

Olá, blog!


Vivo no mundo blogueiro desde que ainda nem me entendia por gente, e este foi o único blog a sobreviver aos anos. Vendo os espaços entre as postagens, hoje percebo que ele sempre funcionou como terapia, pois a maior parte dos posts foram feitos em épocas em que não estava frequentando psicólogos. Como em 2008. Em dezembro de 2007 me formei em Biblioteconomia e, totalmente desiludida do curso, fiquei sem saber o que fazer da vida, virava as noites com o Cadu (saudades de você, garoto) jogando Gartic. 2009 começou com um voluntariado na Biblioteca Municipal de Cascavel, até então tava com ranço (como diria Paulo Gustavo) de biblioteca, me apaixonei. Porque não era trabalho, era uma causa. Como adotar um cachorro de rua. A prefeitura sempre havia ignorado a existência da biblioteca, quase não tinha apoio, e quando tinha, era dos próprios funcionários, que praticamente pagavam pra trabalhar ou de algum "militante" da causa. Eles só não pagavam o aluguel do prédio e o salário dos funcionários, mas material de serviço e de limpeza, por exemplo, ficavam por conta deles. Ser exposta a tanto amor me comoveu. De repente estava contratada e assumindo uma biblioteca comunitária, onde o prédio ainda estava sendo construído, em uma bairro de risco.
Foi também o ano que reencontrei virtualmente o Pablo. E diferente da outra vez, a gente se deu super bem, a ponto de ser meu primeiro e último pensamento do dia (enquanto trocávamos 50 e-mails durante essas horas). Minha avó foi diagnosticada com câncer e os médicos disseram que ela só teria mais 3 meses de vida, foi desesperador. Vivíamos praticamente sem a mãe em casa, eramos eu trabalhando, a Amanda no colégio e o pai também tendo que trabalhar. As chefes da minha mãe a liberaram pra que ela ficasse com a vó o tempo que fosse preciso. Ao mesmo tempo em que cada um vivia o seu próprio inferno particular.
Os três meses que o médico havia dado duraram um ano, e a gente aproveitou até o último dia a companhia incrível daquela mulher incrível. Penso nela todos os dias e a cada dificuldade imagino o que ela faria no meu lugar e sigo em frente. Minha inspiração, meu exemplo de vida, de mulher, de ser humano.
No que passou o tempo, meu relacionamento com o Pablo ficava cada dia mais intenso e isso me assustava, nunca tinha vivido nada igual. O combinado era dele passar um ano no Peru e vir pro Brasil pra ficar. Mas nas vésperas do prazo desse um ano terminar, ele recebeu a proposta de emprego dos sonhos e resolveu que ficaria pra ver no que dava. Eu quis desistir, mas fui convencida de que daria certo.
Mudamos de endereço. Na verdade, o que mudou foi só o número da casa. Continuamos na mesma rua, só que agora temos um quintal maior e uma varanda!
O ano é 2011 e comecei na terapia, mas eu gostava mesmo eram das conversas com o psiquiatra. Foi um ano bem louco e cheio de surpresas (quase todas não tão boas). A melhor, e continua sendo até hoje, foi a vinda da Estopinha, nos demos bem logo de cara, temos personalidades muito parecidas. Pouco tempo depois fui à Brasília SOZINHA fazer uma prova, um desafio grande pra quem não larga a barra da saia da mãe. Adotei mais uma gata, a Meg, estava no trabalho e ouvia um miado, olhando pelas imagens das câmeras no computador, pude ver de onde vinha o barulhinho, ela entrou na biblioteca e ficamos um olhando pra cara do outro como se perguntasse "e agora, o que a gente faz?", pus nos braços e trouxe pra casa. Voltei pro inglês e finalmente terminei o curso. A Elisabeth, mãe do Pablo veio ao Brasil e a conheci. Passamos o fim de ano numa casa lotada de gente na praia. Ainda assim, me sentia só, Pablo havia decidido que sua vida seria mesmo longe da minha. E a grande resolução de ano novo foi não voltar ao trabalho em 2012.
Ano novo, psicólogo novo. Além de muito doido - sinto falta do Henrique e daquela loucura contagiante. Era a hora de fechar ciclos pra receber coisas novas, então, vamos ao Perú? Tive tempo pra preparação psicológica, comprei as passagens e estreei 2013 em grande estilo. Lima é linda, gostaria de ir lá mais vezes. Pablo foi incrível, tornou minha estadia naquele país inesquecível. Pena que foram apenas seis dias. Voltei com gostinho de quero mais, mas nem só de promessas sobrevive o amor. Acabou, e dessa vez foi pra sempre.
Nessa época já tinha voltado com o blog, sentia necessidade de me expressar, mesmo sem saber que assunto abordar, sem ter o que escrever. Sabe quando dá uma vontade e você não sabe exatamente do que? Pois é!
Enfim, sinto que "atualizei" o blog. Assim foi a minha vida durante os anos que estive fora da blogosfera.

Não falei da Suria, que era a cachorrinha obesa da minha tia e veio parar aqui. Fica pra uma próxima história, que será só dela...